É claro que este é do tempo do vinil, garimpado com muito suor nos nichos empoeirados da Natu Discos.
Eu tinha uma coleção de DISCOS (era assim que a gente chamava) da qual me orgulhava muito e cuidava com muito zelo. E é claro que só tinha coisa boa, mas isso é muito relativo e não vamos entrar no mérito dessa questão.
Lá pros idos de antes de 1990, um cover do Belchior (naquela época ainda não se chamava cover, mas eu não me lembro o nome que tinha) veio a Cachoeiro fazer um show num barzinho cujo nome também não me recordo. O local era bem grande e, fora a nossa turma, havia mais umas duas mesas ocupadas, no máximo.
O cantor era bom. Tinha até bigode…
Quando enfim resolve dar aquela estratégica paradinha pro xixi, não perdi tempo: pulei no palco e empunhei o violão do artista da noite para dar uma canja, como quem agarra a espada conquistada a um inimigo feroz. Sentei-me no banquinho, falei alguma bobagem no microfone e arrisquei um sol maior…
Nada…
Dó maior.
Nada…
Sorriso amarelo na cara, olho pra platéia e vejo o cantor se dobrando de rir.
Só então me dei conta de que o infeliz era canhoto e que as cordas do violão estavam todas invertidas.
Fazer o quê, né?!
"A minha alucinação é suportar o dia-a-dia / E meu delírio é a experiência com coisas reais."
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