“Tem coisa que só acontece
comigo!”
É o tipo de frase que eu
jamais ouvi da boca de um ganhador da Mega Sena, embora eu não seja o felizardo
amigo (lato sensu) de nenhum felizardo ganhador. Mas tenho o esquisito hábito
de imaginar, que, segundo Einstein, é mais importante que conhecer. E não
consigo imaginar um ganhador de loteria proferindo a frase acima. Nem aquele
sujeito que acabou de escapar por um triz de um acidente monumental. Nem a moça
em cujo colo caiu o buquê, naquela festa de casamento (presumindo,
naturalmente, que isso ainda seja encarado como um bom presságio nos dias de
hoje).
É frase de quem deu com a
cara na porta fechada do banco por causa de cinco minutos de atraso, ou de quem
foi pego de surpresa sem guarda-chuva na rua, ou levou banho de tubaína em
festa de criança, ou levou uma multa por estacionar só por dois minutinhos na
vaga de idosos. Ou seja, a epígrafe perfeita para pequenos ou grandes desastres
diários pessoais.
E, por menor que seja, o
simples fato de sentir-se vítima de ALGO ou de alguma conspiração cósmica já
confere ao fato um peso muito maior do que ele deveria ter, ou que as
consequências que represente.
É a boa e velha
autocomiseração (ou síndrome de coitadinho), que nos impele, na maioria das
vezes, a buscar com muito mais afinco um CULPADO para os nossos problemas, que
uma SOLUÇÃO, propriamente dita. Fazemos um muxoxo, resmungamos qualquer coisa e
seguimos adiante, esperando a próxima “coisa” que “só acontece comigo”.
Não importa quantos mais
estejam caminhando ao nosso lado, sob a mesma chuva, igual a um ou com o pinto
molhado; o Universo aponta sempre todas as baterias de armas para o nosso
próprio umbigo, colocando-nos na condição de vítimas de sabe-se lá que forças e
planos.
Pra quê, né?!
O papo tá bom, mas eu vou
ali, aproveitar que hoje é sábado (pra todos) e feriado (pra muitos) e dar um
jeito na vida, que só pra morte é que ainda não inventaram um. E se, no
caminho, passar por alguma lotérica aberta, fazer uma fezinha.
Vai que, né?!
Depois eu conto... ou não...
PAZ!!!
...com Deus!!!
Ricardo Lemos é pai, filho,
escritor, músico amador, sonhador, empresário, contribuinte, eleitor e, por
fim, cidadão; um filho de Deus, como você.
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