FILOSOFIA DE “butiquim” – RICARDO
LEMOS
NA
SEMELHANÇA
Pouquíssimas idéias encontram tanto consenso no Brasil quanto a
retratada na frase: “futebol, política e religião não se discutem”.
De política me abstenho de comentar. Talvez, caso um dia venha a
entender a máxima de Aristóteles, que afirmou ser o homem um animal social e
político, o assunto deixe de me provocar tantos engulhos. O fato é que o que se
vê até o momento é que alguns de nossos políticos já começaram a absorver a
idéia : já consigo identificar, na maioria deles, muito do animal. Espero que
continuem evoluindo, para que possam passar a cuidar do social e do político
(no bom sentido). Talvez quando desmamem…
Quanto ao futebol, já vi torcedor com traços esquizofrênicos, creditando
todas as derrotas de seu time a conspiratórias teorias de “roubos” na
arbitragem ou misteriosas rajadas de vento no estádio. Vi bons perdedores e
maus ganhadores. E vice versa. Mas jamais presenciei sugestões de alteração no
formato da coisa, tipo:
- Eu acho, mesmo, é que deveriam ser 15 jogadores de cada lado e 3 bolas
em campo. E tenho dito.
Ou, ainda:
- Tudo bem que se contem os gols, mas eu acho, mesmo, é que deviam dar a
vitória para o time que apresentasse os jogadores com os penteados mais
originais.
Na essência da coisa ninguém mexe: aquele povo está lá, correndo de um
lado pra outro, é pra marcar gols. Com arte ou sem arte, é o que dá a vitória.
E pronto. Não se discute!!!
E na religião?! Onde está a essência?! No dia da semana em que se elevam
preces aos Céus, na quantidade de orações que se entoam, na cor da vestimenta
ou nas palavras ininteligíveis?!
Vejamos o que diria Jesus Cristo (este que é praticamente uma
unanimidade no mundo atual; mesmo entre os não cristãos. No Islamismo, por
exemplo, que é a religião com maior número de adeptos no planeta, Jesus ocupa
posição de profeta maior, acima, até mesmo, pasmem, de Maomé. E Gandhi,
hinduísta praticante, certa feita respondeu a um repórter que admirava
profundamente a figura do Cristo, lamentando apenas jamais haver encontrado
entre os ditos cristãos alguém que lhe seguisse os ensinamentos):
“Amarás o Senhor teu Deus de todo
o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o
primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo.”
É golaço, com direito a drible, chapéu e pedalada. Difícil encontrar
quem não concorde com tais palavras, mesmo entre os que professam fé nenhuma,
mas que acreditam na necessidade de se viver a ética e a honestidade como forma
de se construir um mundo mais digno de ser chamado lar.
A meta é clara, está estabelecida desde sempre e discutir sobre qualquer
outro aspecto do assunto é ficar batendo bola no meio de campo, sem que, com
isso, se produzam quaisquer resultados. Parece coisa de cartola.
E, caso pesem dúvidas sobre a que livro recorrer para determinar quem é
o próximo, nessa história toda, uma vez que nem todos oramos pelos mesmos
manuais, embora concordemos na essência, vejamos o que reza a nossa Carta
Magna:
“Art. 5º Todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza (…)”.
Deixemos
de lado, portanto, as diferenças. A razão chama ao entrosamento. E bola pra
frente, que quem não faz, leva.
E o
árbitro pode apitar o final da partida a qualquer momento.
Ricardo Lemos é pai, filho,
geminiano, escritor, um filho de Deus, como você. Atualmente publicando nos
blogs Arroubos Literários, Olho Mágico 365 e TAMTA – incubadora de idéias.