quarta-feira, 30 de março de 2011

HÁ MAR

Eu ia cedo, amor novo,
Mas o mar me chamou
E mar é amor antigo
Não posso fazer esperar.

Eu ia cedo te ver.
Ainda vou...

O peso deixei nas águas:
Mágoas, rancores, cansaço,
O mar, que é mãe, colheu,
Livrou-me de todo mal.
Em seu amoroso regaço,
Encheu minh'alma de ondas
E minha pele de sal.

Leve, mar, minha mãe,
Pra onde homem não pisa e galo não canta,
O peso em minhas costas,
O nó na garganta,
Lava-me em tua água santa.

Eu ia cedo te ver, amor novo...
Ainda vôo...


terça-feira, 29 de março de 2011

QUIXOTESCO


Mira, Sancho, como ao longe se movem sorrateiros.

Descobri que são gigantes os moinhos que gigantes eu pensava ser.

Mas ordeno-te que mantenhas sob teu luzidio elmo informação de tal valia: Dorotéia ainda jaz em seu leito, semblante de anjo em corpo de mulher, exausta da noite de amor de que desfrutamos, mas isso não ouviste, porque apenas pensei, enquanto um sorriso se me assomava à cara; não são assuntos de que trate um fidalgo com seu serviçal. E se ouço aquela voz a me chamar, daqui mais não saio a pelear.

Ademais, não queremos alarmar seu inocente coração de donzela com misteres de brutalidade masculina.

Apura-te, preguiçoso, que já vai alto o sol!

À carga, Sancho Pança! O dia é curto e temos muitos mouros a derrubar.

E muros…

segunda-feira, 28 de março de 2011

DE PAPEL?


Ah, poeta!...
Em quantas enrascadas essa alma atormentada ainda há de te meter?!
Quantas vezes já lhe disse que sorriso não alimenta, poeta?!
Atiça…
Queres mesmo ir?!
Vai…
Só não me voltes aqui com essa cara lambida de cachorro pidão,
Uma história sofrida
E um band-aid no coração.
Ressaca de copo se cura com copo;
Ressaca de amor, com paixão.

sexta-feira, 25 de março de 2011

AVISO AOS NAVEGANTES

CHEGAMOS ÀS 5.000 VISITAS EM 24 DE MARÇO DE 2011.

MEU AGRADECIMENTO DE CORAÇÃO A TODOS OS QUE AQUI ESTIVERAM, COMENTARAM, SEGUIRAM OU SIMPLESMENTE POUSARAM SEUS OLHOS POR ALGUNS INSTANTES.

É GRATIFICANTE PODER COMPARTILHAR COM VOCÊS ESTE, QUE É UM SONHO.

NA VERDADE, UM CAMINHO PARA UM SONHO...

ESTÁ LÁ NO COMECINHO DO BLOG, NAS PRIMEIRAS POSTAGENS.

E O SONHO VAI TOMANDO CORPO.

GRANDE BEIJO A TODOS OS QUE APÓIAM ESTA CAMINHADA.

SE DEUS QUISER, EM BREVE ESSE SONHO VAI CAIR NAS SUAS MÃOS, NA FORMA DE PAPEL, TINTA E MUITO CARINHO.

PAZ!!!

DÊ O NOME QUE QUISER...


essa coisa meio platônica...
virótica, avassaladora...
tira o ar e te joga no chão...
ideia fixa...
dependência...
suor copioso, suspiros, tatear...
entrega e comunhão...
versos que escorrem pela face,
odor que não se traduz
e confins jamais visitados por qualquer ser vivente.
droga pesada
de efeito fugaz...
enfim, paixão…
tenho idade pra isso?!
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LA MUSE DE JOUR


É a ti que escrevo, Euterpe, Calíope, Polímnia.

Olhos de labareda.

Menina levada não pode ser musa de uma arte só.


Destarte,

Meus versos pirografo em um estandarte

Àquela que nunca veio

E, por conseguinte, nunca parte.


Infame fim destes meus versos:

Não dizer-te, com letra alguma,

Do desejo que sequer a mim revelo

De saborear-te,

Viajar contigo

A Marte.
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quarta-feira, 23 de março de 2011

VOCÊ ACHOU ISSO ENGRAÇADO?!


Volta e meia a publicidade brasileira nos presenteia com algumas pérolas de tirar o fôlego.

Chego a dizer, a quem quiser ouvir, que, na grande maioria dos casos, é na hora do comercial que paro na frente da TV.

E recentemente indignou-me um dos vídeos da nova campanha do Bombril.

Pra começar, Marisa Orth brandindo um jornal, ameaçando “jornalada na fuça” de quem quer que seja é de um mau gosto terrível. Incita à violência doméstica, que tanto se vem tentando combater neste País e representa uma verdadeira catástrofe, desenvolvendo-se silenciosa no seio do lar, que deveria ser porto seguro.

Tá de bom tamanho, a “jornalada na fuça?”.

Parece papo de homem recalcado, sentindo-se agredido por uma propaganda politicamente incorreta que incita à “machofobia”?

Ledo engano…

A verdadeira agressão demonstrada de forma pouco sutil no vídeo é justamente à mulher e à sua trajetória de luta e conquistas.

Será que o nosso ideal de mulher evoluída é um ser que se veste como homem, coça um saco proverbial, cospe no chão, enche a cara e fala palavrão?

Ou será que a mensagem subliminar do comercial tenta lhe dizer que a mulher, pra evoluir, precisa encarnar justamente aquilo de que o homem precisa se livrar, pra evoluir?

A frase ficou confusa, mas a pergunta é a seguinte: a mulher só evolui se virar homem?

Uma caricatura de mulher moderna e bem sucedida, cuja maior preocupação na vida continua sendo, vejam vocês, a pia cheia de louça.

Foi pra isso, enfim, que se queimaram soutiens em praça pública?!

Eu repudio…

E vamos voltar ao assunto…

terça-feira, 22 de março de 2011

DEFINITIVO


Está resolvido!
A partir de hoje, deixo de acreditar em coisas definitivas.
Já acreditei no amor, quando chegou com cara de sossego, ar de quem veio pra ficar; no máximo uma tampa do sanitário levantada pra perturbar a paz.
Acreditei quando chegou como um tufão, arrancando pelas raízes todas as árvores do lugar. Sabe lá Deus onde terão ido parar. Melhor nem cogitar.
Na paixão volátil de uma noite quente. Suor copioso, promessas fáceis. Sexo, drogas e Chico Buarque. E a banda passou.
No jantar à mesa, casa varrida, pudim de leite condensado, novela das oito (eu ainda sou desse tempo). E no vento a cantar doído pelas frestas das janelas.
Até naqueles olhos de fera enjaulada, verborragia maldita e infrene. O sangue nos olhos, o álcool na mente. Bicho demônio fingindo de gente. Eu acreditei…
Acreditei no sorriso que você não me deu, brejeiro, emoldurado por cabelos muito negros e olhos que cri percucientes, como doce provocação. Não era eu o fotógrafo do parque. Quiçá, quando muito, o moleque que passou correndo atrás de um pombo retardatário, viu de relance aquele semblante e se encantou.
Acreditei que ia chover e esqueci o guarda-chuva no banco da estação.
Acreditei que vinha o trem e, depois de muito esperar, resolvi vir caminhando. Longe dos trilhos, é certo. Vai que esse trem ainda passa. Vai que eles me levem a algum lugar.
Tudo isso é passado, acredito…
Doravante, interrogações e reticências.
É definitivo!
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