terça-feira, 22 de março de 2011

DEFINITIVO


Está resolvido!
A partir de hoje, deixo de acreditar em coisas definitivas.
Já acreditei no amor, quando chegou com cara de sossego, ar de quem veio pra ficar; no máximo uma tampa do sanitário levantada pra perturbar a paz.
Acreditei quando chegou como um tufão, arrancando pelas raízes todas as árvores do lugar. Sabe lá Deus onde terão ido parar. Melhor nem cogitar.
Na paixão volátil de uma noite quente. Suor copioso, promessas fáceis. Sexo, drogas e Chico Buarque. E a banda passou.
No jantar à mesa, casa varrida, pudim de leite condensado, novela das oito (eu ainda sou desse tempo). E no vento a cantar doído pelas frestas das janelas.
Até naqueles olhos de fera enjaulada, verborragia maldita e infrene. O sangue nos olhos, o álcool na mente. Bicho demônio fingindo de gente. Eu acreditei…
Acreditei no sorriso que você não me deu, brejeiro, emoldurado por cabelos muito negros e olhos que cri percucientes, como doce provocação. Não era eu o fotógrafo do parque. Quiçá, quando muito, o moleque que passou correndo atrás de um pombo retardatário, viu de relance aquele semblante e se encantou.
Acreditei que ia chover e esqueci o guarda-chuva no banco da estação.
Acreditei que vinha o trem e, depois de muito esperar, resolvi vir caminhando. Longe dos trilhos, é certo. Vai que esse trem ainda passa. Vai que eles me levem a algum lugar.
Tudo isso é passado, acredito…
Doravante, interrogações e reticências.
É definitivo!
Posted by Picasa

3 comentários:

  1. Na minha vida nada é definitivo... Talvez na sua seja, não sei...
    sei o que quero hoje e por hora me satisfaz, talvez seu texto tenha me inspirado a escrever um também, então vamos lá, vamos inverter os papéis e seja vc hoje o meu crítico:

    EU SEI
    Hoje eu sei de muitas coisas, do que antes eu fantasiava e imagina diferente.
    Ouve uma época que seduzida pelos contos de fadas eu acreditei em príncipe encantado, hoje o Lobo mal me parece mais interessante apesar deu nunca ter sido uma verdadeira princesa, ou não ser exatamente a Chapeuzinho vermelho. Nada nem ninguém vai te salvar de você mesmo.
    Sei que os momentos de cumplicidade e do chamado amor também acabam, já fiz pudim de leite condensado e já achei que dormir juntinho, apenas e rir junto seria o bastante, mas não é. e o seu fim não quer dizer nada.
    Sei que tudo passa... Que a noite quente e suarenta de murmúrios e gemidos também não quer dizer na verdade nada, não é garantia pra carinho, afeto uma vontade de ficar junto no dia seguinte. É algo com hora pra começar e acabar, não serve de parâmetros, serve apenas de um grande - nada!
    E o que fica? Eu sei que o amor incondicional, o chamado amor que os livros e a mídia tentam nos enfiar goela abaixo, ele existe sim, é o ágape. Entre mães e filhas eu posso garantir porque é o que vivo e esse vai durar enquanto houver vida. Também acredito em amizades, as verdadeiras, não as de trabalho ou de tempos de facebook, as amizades em que se gosta da pessoa pelo o que ela é, com todos os defeitos e em que não se tenta mudar ninguém, e mesmo com anos de distância pode e é revivida quando é preciso, quando a vida nos encontra de novo. Mas isso é com as de verdade e elas são muito raras.
    Eu sei que hoje eu vivo um dia de cada vez, e me basta!

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  2. Pois é, fada madrinha...
    De definitivo, mesmo, só as mudanças...
    Frissons, taquicardias e namoricos são momentos...
    Como ver uma tartaruga emergindo no oceano, ou uma estrela cadente passando...
    Não dá pra mostrar, nem explicar...
    Ou se viu, ou não se viu...
    Mas são mágicos em sua fugacidade...
    CARPE DIEM!!!
    Um dia de cada vez...

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