segunda-feira, 30 de setembro de 2013

DESENCARNOU - FILOSOFIA DE BUTIQUIM - 28SET2013

FILOSOFIA DE BUTIQUIM – 28 DE SETEMBRO DE 2013


DESENCARNOU


- Alô?! - ele não estava com a menor vontade de atender quem quer fosse naquele momento, mas o telefone berrava insistentemente. Melhor atender logo. "Se for telemarketing..." - pensou.

Pior, era a irmã, aos berros e soluços. Pode parecer difícil, à primeira vista, alguém berrar e soluçar ao mesmo tempo. Mas ela conseguia.

- Jaime? - e berros e soluços
- Oi, mana. - um entusiasmo capaz de fazer congelar um fondue de queijo. Não conseguiu conter um sorrisinho cínico ao tentar adivinhar o que o Aristides aprontara dessa vez. O Aristides era terrível.
- A tia Doripes!... - mais berros e soluços
- O que tem a tia Doripes, Carmem? - pronto, não foi o Aristides. Foi-se o sorrisinho. A tia Doripes é terrível.
- A tia Doripes desencarnou, Jaime! - e debulhou-se em lágrimas, berros e soluços.
- A tia Doripes o quê?! Carmem, pelo amor de Deus, eu não estou entendendo patavina. Você bebeu?!
- Claro que não. A tia Doripes teve um AVC e desencarnou, Jaime.
- Que história é essa de "desencarnou"? Explica essa história direito.

Ela respira fundo, imagina uma luz azul, tenta articular as palavras.

- É que estou frequentando um lugar onde as pessoas não usam o termo "MORTE", que é muito carregado e dá uma falsa impressão. Eu aprendi que a morte não existe, é apenas uma passagem para um plano diferente, que somos espíritos imortais e que nos encontramos com nossos entes queridos tanto do lado de cá quanto do lado de lá.
- Nossa! Você aprendeu tudo isso?!
- Sim...
- Então por que você está chorando?!
-X-X-

Nós, tu, eu
Femismos a parte,
Doravante
Digo apenas que VIVEU.

Quando digo “MORREU”, corro o risco de permitir que se coloquem no mesmo saco Mahatma Gandhi e Adolfo Hitler, por exemplo. Mazaroppi, Gengis Khan e o Moringueiro. Chico Anysio, Xavier e Mendes. Porque tirando Jesus Cristo, que ressuscitou, e isso é praticamente unânime, TODO MUNDO de que você já ouviu falar vai morrer um dia. Ou já morreu.

Não há escolha.

Para o VIVER, entretanto, sempre há. Nem que seja apertar os olhos e desfocar a visão por um segundo, só pra imaginar que aquela mancha no vidro da janela é um dragão sobrevoando a cidade... ou lembrar de agradecer a Deus ou ao Universo (ou a ambos) pelo oxigênio e pelos ipês...

Einstein, Fernando Pessoa, Saramago, Athayr Cagnin – gente que FEZ DIFERENÇA. Que VIVEU. Deixou obra, muito mais que saudade.

VOCÊ, que é vivo, ainda pode fazê-lo...

VIVA!!!

PAZ!!!
...com Deus!!!



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