terça-feira, 9 de setembro de 2014

HUMANIDADES


Num tempo não muito distante, e não sei se passado ou futuro, desses tempos meio míticos, em que os bichos falam (parece meio fantástico) e os homens escutam (é realmente fantástico), deparam-se, frente a frente, um homem e um gorila. Ambos seguindo seu caminho natural, encontram uma brecha na apertadíssima agenda para um breve colóquio, que há muito o senhor gorila precisava esclarecer alguns assuntos. Os habituais cumprimentos cordiais e o gorila, sem mais delongas, parte para o assunto que lhe aflige:

- Meu caro gorila – respondeu cordialmente, embora apressado, o típico exemplar de Homo sapiens ali presente – acredito que a sua aflição deva-se a uma interpretação equivocada do assunto. Afinal de contas, em momento algum Charles Darwin afirma ou sequer sugere que o Homem descenda dos macacos.

- Mas o senhor está seguro disso?

- Sim, sem a menor sombra de dúvida. Seu entendimento está contaminado por uma visão simplista, e eu diria até preconceituosa, dos preceitos a que chegou o nobre cientista. Na verdade a teoria postula que homens e macacos possuem um ancestral comum, que se perdeu ao longo da evolução das espécies. Portanto, posso lhe afirmar categoricamente que, embora sejamos parentes não muito distantes, que a nossa espécie não descende diretamente da sua.

O gorila, visivelmente preocupado, permite-se então um suspiro e arrisca um meio sorriso.

- Ufa! Que alívio!

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