terça-feira, 30 de junho de 2009

PERGUNTAS SEM RESPOSTA (ainda bem)


Ela aperta os olhos com fúria, projetando faíscas. Se olhar desse choque...


- Quem você pensa que é?!


Ele suspira. Vai começar tudo de novo.


À sua mente hiperativa vêm milhares de respostas: o barro, o sopro divino, a costela, Caim e Abel e a primeira cena de ciúme do mundo judaico-cristão, o dilúvio, os bichinhos todos dentro da arca... apaga tudo. Deixou de acreditar nessas coisas há muito tempo. O DNA, o barro primordial de um planeta em ebulição, as descargas elétricas telúricas, a Inteligência Suprema disfarçando-se de acaso, mitoses, meioses, evolução, Cro-Magnon, Homo erectus, Homo eletricus, não tão sapiens assim.


E antes que venha a nova pergunta, que sempre vem ("Você não escutou ou não entendeu?"), ele já está passando por Sócrates, Siddartha, Jesus Cristo, Santo Agostinho... melhor parar. Não vai adiantar nada responder, ele bem sabe. Ele sempre responde e ela sempre torna a perguntar. Talvez não escute. Ou não entenda.


- Sabe que eu tenho pensado bastante nisso e ainda não cheguei a uma conclusão definitiva?


- Nisso o quê?! - perplexidade em sua voz.


- Em quem eu penso que sou... essa coisa do existencial, quem somos, de onde viemos, para onde vamos, por que vivemos. Penso, logo existo. Isso basta.


- Você não acha que está passando da hora de parar com essas bobagens?


- Não mesmo. A bem da verdade, acho que está na hora de começar com essas bobagens.


- Você ainda não respondeu à minha pergunta...


- Não sei. Não quero saber. Tenho pena de quem sabe. Mas se isso é assim tão importante pra você, experimente perguntar ao ZÔTO.




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