segunda-feira, 15 de junho de 2009

UM BRILHO

Acordei como acordava todos os dias, com aquela impressão de que as noites eram sempre menores que meu sono.

Travei o despertador, espreguicei na cama, esticando-me como um gato e dirigi-me pesadamente ao banheiro.

Xixi, escovar os dentes, lavar o rosto e só então arriscar uma rápida olhadela no espelho, para ver se permanecia tudo no lugar.

Mas havia algo diferente aquela manhã.

Alguma coisa brilhava em meu rosto.

Sorri, movi lentamente a cabeça para os lados, para cima e para baixo.

Não era uma ilusão.

Definitivamente, havia um brilho novo em meu rosto naquela manhã e tudo agora me parecia mais leve, belo e iluminado.

Fui tomado pelo sentimento que precede a vitória iminente: “Finalmente, meu dia chegou!”- pensei.

Saí do banheiro com um amplo sorriso no rosto e dei-lhe um “bom dia” de tenor italiano (é óbvio que ela detestava toda aquela animação àquela hora da manhã, mas naquele dia eu não tinha como resistir. Alguma coisa brilhava em mim e eu sentia que isso era apenas o começo).

Respondeu-me bocejando e apertando os olhos.

“Chega aqui”

Cheguei.

“Mais perto. Tem alguma coisa brilhando em você.”

“Ela notou!” – pensei. “É a glória.”

Estendeu as mãos, tocou meu rosto.

“Pronto, tirei. Era um resto de purpurina. Onde foi que você esteve ontem à noite?”

Desconversei e saí pra comprar o pão.

2 comentários:

  1. Quando eu crescer quero aprender a escrever como você... beijos...

    Ah..seu jardim me fez lebrar o jardim da minha avó, onde eu brinquei muito, a muito tempo atrás...

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  2. Ricardo vim agradecer a visita.
    Bj! E volte sempre no meu cantinho.

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