terça-feira, 28 de julho de 2009

COISAS DE CRIANÇA – AS PRIMEIRAS DESCOBERTAS CULINÁRIAS


foto: torta de café - autoria própria


Comer é bom.


Não. Comer é muito bom!!!

E desde muito cedo eu tomei consciência disso, embora a gula seja o meu segundo pecado capital predileto. Bom, naquela época com certeza era o primeiro disparado.

Se eu disser que sempre fui uma criança afeita à gastronomia vai aparecer gente questionando. Mas foi isso mesmo que acabei de dizer. Ainda sou uma criança. E ainda gosto muito de comer.

O fato é que estou com fome neste momento e de repente me bateu uma certa nostalgia gustativa. Embora muitos defendam o olfato como o sentido mais ligado à memória, a minha neste momento está cheia de sabores da infância. E hoje, menino de idade um pouco mais avançada que sou, por mais que visite os mesmos lugares (os que ainda existam) e saboreie as mesmas iguarias, jamais serão os mesmos.

Hambúrguer, por exemplo, tinha gosto de domingo à noite.

Tenho certeza de que muitos torcerão o nariz: - “Domingo à noite?! Credo!”. É eu também não gosto mais tanto de domingo à noite quanto gostava. Faustão, Fantástico e uma segunda-feira se aproximando um pouco rápido demais; fim do fim de semana. Volta ao ramerrão dos afazeres de gente grande.

Mas os domingos à noite de minha infância quase sempre tinha sabor de hambúrguer (e variações mais avantajadas sobre o mesmo tema) do Beliscão, na cabeça da ponte municipal. E coca cola.

Pizza tinha gosto de aniversário, algodão doce só na festa de Cachoeiro (herança bendita do nosso Rubem) e picolé era praia, férias.

Como bom gourmet mirim, ou um pequeno glutão, como queiram, sempre me interessei pelos bastidores da comida. Vivia “fuçando” na cozinha, observando, bisbilhotando. E acabei aprendendo alguma coisinha do que viria a se tornar o meu hobby preferido: a culinária. Tentei colecionar selos e moedas, mas ambos tinham um sabor horrível.

Lembro-me como se fosse ontem da minha primeira descoberta culinária: pode-se fazer pipoca em casa. Eu não cria no que meus olhos viam. Na minha incipiente mente infantil, pipoca era coisa que só se encontrava na saída da Consolação (a melhor do mundo, com saquinho de papel de seda – nunca mais encontrei uma igual) ou nos carrinhos estacionados ao longo da avenida Beira Rio. Descobrir que podia fazer pipoca em casa foi quase como obter a confirmação irrefutável de que Papai Noel existe.

Outra descoberta sensacional foi o brigadeiro. Reconheço que em todos esses anos, apenas uma ou duas vezes tive a coragem de esperar esfriar, enrolar, passar no chocolate granulado e comer. Quente e na colher fica tão mais gostoso…

Essas duas pequeninas descobertas aguçaram ainda mais meu interesse pelas artes culinárias. E a minha gula. O que alimentou (desculpe) a minha mente percuciente, sequiosa por novos e mais elaborados desafios. Até que um dia cheguei à glória da culinária mirim: a palha italiana. De colher, naturalmente.

Tem também o episódio do bolo de chocolate.

Mas esse eu conto depois.

Minha avó dizia que escrever de estômago vazio faz muito mal.

Ou seria o contrário?

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